terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Já cansada do carnaval...


"... que ourives desta terra de formigas e caipiras poderia transformar crânios humanos em taças?"

Álvares de Azevedo


Foto: Marcha Nico Lopes - 1936 (Viçosa, MG)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Mulheres da minha vida - parte 1


Ela é a da esquerda, "toda trabalhada" no pretinho básico e fazendo cara de "formatura na UFV é super comum".

Ela está nas minhas mais remotas lembranças e por isso estou feliz por essa conquista. Está no cheiro de terra molhada do quintal da casa da minha avó e nos bolinhos de chuva com canela e açúcar (mal fritos para ter “recheio”); nas caixas de lápis de cor e no quadro negro infantil, onde vi meu nome surgir pela primeira vez, junto com “os trecos”; nos pés de jabuticabas e nos bichos de goiaba; no arco-íris e casamento de viúvas, corre-cutia e pés de cachimbo; nas histórias de aventuras ou de fadas; nas cigarras cantando no fim da tarde em trilhos e atalhos; nos bancos do DCE; nos medos de demônios, assombrações; nas primeiras roupinhas da minha filha e nas músicas malucas para o meu filho; em sonhos e planos de futuro melhor. Embora nunca tenha me dito onde está a passagem secreta para a terra subterrânea que tanto me assombrou na infância, eu prefiro assim, continuar acreditando que está lá em algum lugar...
Esta postagem é para ela, já que por força da vida, não pude estar presente (fisicamente) neste momento. Enquanto escutava o barulho dos fogos que marcavam o fim da solenidade de sua formatura, não conseguia deixar de pensar em como ela deveria estar feliz e em como todos nós que a amamos também estamos (inclusive aqueles que já se foram). Imagino sua cara de boba, tentando disfarçar o orgulho e se fazendo de forte para não chorar... E tenho certeza que se depois de tudo que ela já passou, viveu e escolheu continua produzindo, vivendo e falando goma, deve ser porque muita coisa boa vem por aí...