terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ultrassom




"A vida as vezes faz você se sentir assim. Assusta, mas se chamar
de “momento mágico” o medo passa. Aumenta o som e se quiser chorar, chora."

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Viva la vida




Eu costumava reger o mundo
Mares se agitavam ao meu comando
Agora, pela manhã, me arrasto sozinho
Varrendo as ruas que costumava mandar

Eu costumava jogar os dados
Sentia o medo no olhos dos meus inimigos
Ouvia como o povo cantava:
"Agora o velho rei está morto! Vida longa ao rei!"

Por um minuto segurei a chave
Próximo as paredes que se fechavam pra mim
E percebei que meu castelo estava erguido
Sobre pilares de sal e pilares de areia

Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando
Os corais da cavalaria romana cantando
Seja meu espelho, minha espada e escudo
Meu missionário em uma terra estrangeira
Por um motivo que eu não sei explicar
Quando você se foi não havia
Não havia uma palavra honesta
Era assim, quando eu regia o mundo

Foi o terrível e selvagem vento
Que derrubou as portas para que eu entrasse
Janelas destruídas e o som de tambores
O povo não poderia acreditar no que me tornei

Revolucionários esperam
Pela minha cabeça em uma bandeja de prata
Apenas uma marionete em uma solitária corda
Oh, quem realmente ia querer ser rei?

Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando
Os corais da cavalaria romana cantando
Seja meu espelho, minha espada e escudo
Meu missionário em uma terra estrangeira
Por um motivo que eu não sei explicar
Eu sei que São Pedro chamará meu nome
Nunca uma palavra honesta
Mas, isso foi quando eu regia o mundo

quarta-feira, 2 de setembro de 2009



Há alguns anos atrás, ainda na condição de filha adolescente, eu tinha uma gata (da qual não me lembro sequer o nome, mas que era a mãe do Sucuri, um gato muito figura). Por ela ter ido para a nossa casa ainda bebê (ao contrário dos outros, que nos adotavam ou eram adotados já adultos), pude acompanhar as diferentes fases da sua vida e em especial a sua primeira gestação. Não que isso me causasse grandes comoções ou interesse, mas me recordei dela porque pude ver de perto um parto pela primeira vez. Não que o parto em si tivesse também sido marcante (embora me chamou a atenção o fato de quase não existir sangue, ser silencioso e “limpo”, coisa que no meu imaginário permeado de imagens criadas por filmes e TV fosse impossível). O que realmente me marcou foram os momentos antes dele. Sua inquietação nos dias anteriores, como se algo lhe faltasse, como se houvesse uma urgência em terminar o que não estava ainda pronto. Seu olhar de “gratidão” quando lhe arrumei uma caixinha com panos limpos em um lugar tranqüilo depois de finalmente perceber o que estava para acontecer. Seu silêncio quase real (de realeza) e digno, embora cheio de sofrimento; sua ausência de sons e miados quando as contrações começaram a ficar realmente fortes e visualmente perceptíveis para mim. Seus olhos grandes e úmidos, ao mesmo tempo assustados e confiantes durante o trabalho de parto. Acho que poucos momentos nos mostram tanto a nossa real “condição” (talvez apenas a morte) e nos igualam em todos os aspectos com os nosso outros irmãos. Tão simples e real. Tão próximo e cada vez mais distante (no sentido do controle pessoal e do respeito).

A inquietude já começou também a me acompanhar...