terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Êh, Minas...






Nasci nas Minas Gerais. Minas não tem mar. Minas tem montanhas, matas e tem céu. É aí que me sinto em casa... Minas não tem mar. Lá, quem quiser navegar tem de aprender que o mar de Minas é em outro lugar. “O mar de Minas não é no mar/O mar de Minas é no céu/pro mundo olhar pra cima e navegar/sem nunca ter um porto onde chegar." Acho que é por isso que em Minas nasce tanto poeta. Poeta é quem navega nos céus (Rubem Alves).

Não sou mineira de nascença, mas sou por amor e adoção. É aqui que me sinto em casa. Encravada nas montanhas, que para alguns impedem a visão de horizontes mais largos, mas que para mim tem a feição de um grande abraço. As gerais da minas... Talvez motivada pelo recente passeio que fiz à Ouro Preto (que para mim é o lugar onde Minas é mais Minas), ando um pouco ufanista do meu estado. Adoro o jeito único do mineiro de falar “comendo” as letras; o comportamento reservado e cuidadoso com os desconhecidos, mas sempre hospitaleiro; as comidas feitas em fogões de lenha; as porteiras nas estradas de terra; as cachoeiras de águas geladas; as ruas de pé de moleque; os casarios coloniais; as igrejas barrocas; as casinhas perdidas nas montanhas, com vistas de perder o fôlego; a capital com recantos de cidade do interior... A convivência pacífica e complementar entre o moderno e o histórico; entre “os causos” e o conhecimento científico de ponta (olha nossa UFV aí!); entre o profano e o religioso... Alguém uma vez me disse que se sentia oprimido pelas montanhas de Minas, mas eu discordo que seu efeito seja esse. As montanhas de Minas fazem o pensamento ir mais alto, ir além e propiciam este ambiente de eterna magia e possibilidades únicas.

LUBER UMBRARIUM

Um Livro das Sombras é um diário usado por praticantes de magia ritual para registrar rituais, feitiços e seus resultados, bem como outras informações e recebe esse nome porque seu conteúdo deve ser mantido à sombra da realidade do mundo. Sua origem remonta ao tempo das perseguições medievais, onde as “bruxas”, proibidas de compartilhar oralmente seus conhecimentos, escreviam seus conhecimentos e feitiços em livros pessoais, que mantinham ocultos (também, por isso, o termo "das sombras"). Analisando suas páginas, um iniciado poderia avaliar sua evolução no estudo e prática das artes mágicas. Além disso, o hábito de escrever traria a prática de dois aspectos muito favoráveis - a disciplina e o auto-conhecimento. Não sou Wiccana (aliás, sou absolutamente desconhecedora do assunto), mas me deparei com a frase que inicia esta postagem durante uma pesquisa de termos latinos (que me perseguem...) e gostei do significado. Assim, este blog foi criado com a função de ser o meu Luber Umbrarium, um meio de registrar minhas impressões pessoais sobre assuntos diversos e utilizar estas reflexões para algum aprendizado individual.